terça-feira, 1 de outubro de 2019

Série: Teu Alimento, Teu Remédio – Parte 1


Qual o segredo da longevidade e de uma vida saudável?

Assim como cachorros que tem expectativa de vida entre 10-13 anos, e gatos de 2-16 anos, o ser humano possui um limiar de tempo. A expectativa de vida da população mundial atual é de 79 anos. O Brasil possui expectativa de 75 anos. Uma curiosidade é que os japoneses mesmo tendo a sua área territorial menor do que o estado da Bahia, é mais populoso que o Brasil e possui uma das maiores expectativas de vida, que está na casa dos 83 anos. Para algumas pessoas a longevidade pode ser prazerosa, todavia para outros, uma vida de cansaço e perturbação. Apesar de ter histórias sobre um indonésio que se chama Mbah Gotho que viveu 146 anos, e do chinês Li Ching-Yuen que pasmem, dizem ter vivido 250 anos, a pessoa com a maior longevidade já registrada no planeta e reconhecida pelo Guinnes Book, foi a francesa Jeanne Calment, que viveu 122 anos e 164 dias. Ela morreu em 1997. Quando era criança, ela chegou a se encontrar com o pintor Vincent Van Gogh.
Li Ching-Yuen teria vivido entre 1678 a 1928. Além de possuir uma dieta vegetariana, Ching-Yuen foi uma pessoa bastante desprendida, que doava os próprios bens a quem tinha mais necessidade. Por esse motivo e também por ter um temperamento sereno, era considerado uma pessoa de companhia agradável por todos. Ele bebia bastante chá, ao qual posteriormente cientistas descobriram que se trata de uma planta conhecida como Goji, que contém uma vitamina diferente, chamada de X. Vitamina que aparenta ter propriedades medicinais fortes e muito positivas, como a inibição do acúmulo de gordura no organismo, a renovação de células do fígado e o controle dos níveis de glicose e colesterol no sangue. Em vista que, essa substância faz bem às células cerebrais e remove toxinas presentes no organismo.


Figura 1 Foto de Ching-Yuen um ano antes de sua morte em 1927.
Fonte da imagem: Reprodução/TheEpochTimes

Muitos não se preocupam se irão viver muito ou pouco, todavia não há que se negar que todos pretendem ter uma vida saudável, livre de doenças, cheios de energia, com um cérebro ativo, com boa oxigenação, e podendo exercerem o que gostam, sem que o seu corpo o limite para isso, devido a questões de doenças.
O estilo de vida que uma pessoa leva irá influenciar diretamente na qualidade de vida que a mesma obterá. Assim como um carro precisa de manutenção preventiva e só funciona com o combustível adequado ao qual foi fabricado para funcionar, assim também é o ser humano. Precisamos entender como o nosso corpo trabalha e o que é combustível confiável para ele, e o que vem a ser nocivo ao entrar pela nossa boca.
Pesquisadores de Loma Linda University, na Califórnia-USA, descobriram novas evidencias de que uma dieta vegetariana pode ser benéfica a saúde. A pesquisa durou quase 6 anos, a qual 70 mil voluntários de ambos os sexos participaram. Todos eram adventistas. O estudo saiu no Journal of the American Medical Association, revelando que os vegetarianos possuem uma expectativa de vida superior aos onívoros, isso é, aqueles que consomem carne. Durante o período da pesquisa foram registrados a morte de apenas 2,570 pessoas, o que indica que os vegetarianos têm um risco 12% menor de vir a óbito. Além de viver melhor e com mais saúde, a expectativa de vida da cidade de Loma linda é 10 anos superior que a dos Norte Americanos, que é de 78 anos.
A cidade grande possui um nível de estresse muito alto, barulho de buzina, horas de desgaste físico e mental no trânsito. A aceleração por resultados no trabalho de maneira eficaz, poucas horas de sono, fast foods, industrializados, frituras e enlatados, essa é uma combinação natural na vida do brasileiro, caracterizando um possível estresse. Os hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina, liberados nesse processo de aceleração sem freio, reduzem o calibre dos vasos e, em longo prazo, potencializa o risco de hipertensão e arritmias cardíacas. O desgaste mental é pior que o físico.
Os hunza, uma tribo que vive no vale do Rio Hunza, no Himalaia, na região de Gilgit-Baltistan no Paquistão, possui aspectos peculiares, em que a centenaridade de seu povo é regra e não exceção. Os hunza passam facilmente dos 90 anos, e é extremamente raro ficarem doentes. Até depois dos 80 praticam esportes, as mulheres com mais de 40 anos têm aparência de 20. Se alimentam a base de frutas e verduras cruas, e no inverno consomem damascos secos, grãos germinados e queijo de ovelha. É dito também que as mulheres têm filhos com mais de 65 anos e os homens são viris até mesmo com 100 anos. Os habitantes ganharam fama por serem um povo feliz, simpático, sempre alegre e ativo. Muitas pessoas vivem tranquilamente com mais de 110 anos de idade, alguns chegam até mais de 120 (com a observação mais importante e mais interessante dessa matéria), sem apresentarem doenças graves ou algum problema sério de saúde.


Figura 2 Mulher Hunza. Photography by Seth Lazar

Um médico escocês chamado Robert McCarrison, esteve no Vale nos anos de 1920 e conviveu entre eles por 7 anos. Concluiu que grande parte dos seus segredos está na pratica de exercícios, e em uma dieta equilibrada: 1900 calorias, incluindo gordura, carboidrato e proteína. O médico cita que:
‘‘Grande parte de nossos problemas nutricionais surgem de nossa resistência em comer alimentos saudáveis. Nossa preferência para carnes e alimentos industrializados cria problemas nutricionais que não podem ser resolvidos de outra forma’’.
O que ao certo eles comem? Grãos integrais, trigo, trigo mourisco, cevada, batatas, ervilha, vagem, abobora, espinafre, alface, pêssego, pera, maça, damasco, amoras, cereja e pouquíssima carne animal e em situações esporádicas. Também consomem um pão de fabricação própria, 100% orgânico sem vitaminas sintéticas (produzidas em laboratórios). Todos também consomem iogurte. Vizinhos que compartilham a mesma condição climática, mas que não possuem a mesma alimentação e costumes, possuem expectativa de vida bem inferiores aos hunza. Um outro segredo também é que o ar das montanhas em que vivem é extremamente puro.


Figura 3 Mulher Hunza. Foto: Jenny Downing


Figura 4 Vale de Hunza Foto: Joseph Bautista

Nos tempos atuais e com a aproximação da civilização moderna ocidental, seus hábitos e alimentação mudaram, diminuindo significativamente a sua qualidade e expectativa de vida. Nos dias atuais não possuem essa longevidade que em um passado distante era natural, todavia alguns dos mais velhos ainda guardam os antigos costumes.
Em meados dos anos 70, dois cirurgiões dinamarqueses, Hans Olaf Bang e Jorn Dyerberg, publicaram um estudo baseado em sua visita ao norte da Groenlândia, no Círculo Polar Ártico. Segundo esses dois a dieta do povo daquele lugar, os esquimós inuítes, é baseada em peixes, gorduras de baleia, focas, salmão, aves, caribus, boi-almiscarado, raposa e urso polar, ao qual ajudaria na prevenção de doenças coronárias. Eles concluíram isso devido a uma observação dos baixos índices de doenças cardíacas apresentada, tal qual os remotos óbitos em decorrência do mesmo em moradores da região.
Com esse resultado em mãos, a venda de suplementos a base de óleo de peixe, e o consumo do animal cresceu exacerbadamente. Todavia uma publicação feita no conceituado jornal Huffington Post,[1] o médico-cirurgião Dr. Neal Barnard mostra uma gama de estudos de que não conseguiram demonstrar a capacidade do óleo de peixe em prevenir doenças do coração ao longo dos anos. Segundo o artigo doenças coronárias fazem parte da vida dos esquimós, de maneira bastante comum, até mais do que em outras civilizações. Do contrário ao que dizem, a expectativas desses nativos é 10 anos menor do que outros povos. Pesquisadores do University of Ottawa Heart Institute, retornaram aos estudos para entender porque esse caso em questão, que os dinamarqueses pesquisaram, divergem tanto da maioria dos demais casos pesquisados, o porquê de esse ter sido um ponto fora da curva, e também para saber quais foram os métodos de pesquisa utilizados por eles. Para surpresa dos canadenses, ao invés de pesquisar diretamente a população esquimó, Hans e Jorn analisaram dados de óbitos e registros de entrada em hospitais. Em áreas afastadas como as onde vivem os esquimós, estes dados estão longe de mostrarem resultados confiáveis. Portanto a ideia de que o consume de peixe e outros animais que é de costume dos esquimós são benéficos a saúde, se dá em boa parte através de um estudo falho que foi creditado por profissionais da saúde por mais de 30 anos, tornando a ideologia popular, aceitável, e totalmente difundida como indispensável na dieta e no crescimento dos seres humanos. Os esquimós de fato atravessaram o estreito de Bering em tempos extremamente remotos, ao qual fica entre Vladivostok na Rússia e Alasca. Eles têm em seu Dna a descendência dos povos do Leste Asiático (Japão, China, Coreia, Mongólia dentre outros), Ásia Central (Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e o Quirquistão), e também dos nativos Norte Americanos.


Figura 5 © Photographerlondon/Dreamstime.com

Os moradores da ilha de Okinawa no Japão conseguem ter uma expectativa de vida muito elevada. Existem um número expressivo de idosos acima dos 100 anos. Mais interessante que a longevidade é que os moradores deste arquipélago subtropical apreciam anos livres de qualquer doença. Okinawanos tem um quinto da doença cardíaca, um quarto do câncer de mama e de próstata, e um terço a menos de demência do que os americanos, diz Craig Willcox do Estudo de Centenários de Okinawa.”[2] Suas dietas são pobres em salrica em frutas e vegetais, e contêm muita fibra e antioxidantes que protegem contra as principais doenças do Ocidente, incluindo ataques cardíacos, câncer e doenças neurodegenerativas como Parkinson, Alzheimer entre outras. Fator impar entre o Okinawanos é uma pratica chamada hara hachi bu, o que significa “comer até estar 80% satisfeito“. Outro fator importantíssimo para a saúde física e mental, além de não absorver magoas, raiva, melancolia, tristeza dentre outro, como é o caso dos Hunza, os moradores de Okinawa são muito respeitados, valorizados e mantidos com integrantes da comunidade de um modo geral. Mesmo com a idade avançada se sentem uteis para as comunidades, a qual beneficiai significativamente a saúde mental e fisiológica. Okinawanos em idades muito elevadas expressam facilmente altos índices de satisfação da vida. Mesmo depois de aposentados os idosos de Okinawa sempre continuam ativos, essa ideia se resume pelo conceito de 生き甲斐 ikigai, que em japonês significa, proposito de vida, motivo para viver e razão para se levantar todos os dias. De maneira literal ainda podemos dizer que é ‘‘motivo para respirar’’.


Figura 6 Moradores de Okinawa

Os moradores da ilha da Sardenha, Itália, também são bastante longevos. A cada 100 mil habitantes da ilha, 22 chegam aos 100 anos.
Ao contrário do resto do mundo, muitos dos homens não morrem antes das mulheres. Segue alguns segredos para se ter uma vida longeva e com saúde.
1 Mantenha-se ativo – Um corpo e um cérebro sempre em atividade as celular resistem em não se entregar a morte.
2 Coma menos – Estudos americanos mostram que, quando ingerimos até 25% menos comida, o colesterol total e o LDL (porção ruim), o triglicérides e a pressão arterial são reduzidos e o peso fica estável.
3 Mantenha bons laços de amizade – Tudo isso ajuda a prevenir doenças como a depressão.
4 Tenha contato com a natureza – Uma das fontes de vida para nosso corpo, alma e espírito.
5 Respire ar fresco – Uma das fontes de vida para nosso corpo, alma e espírito.
6 Sorria – Tudo isso ajuda a prevenir doenças como a depressão.
7 Faça exercícios – Dentre muitos benefício está a prevenção de doenças, devido ao aumento da imunidade.
8 Beba água de qualidade – bebida indispensável a saúde, em que a qualidade da pele e a disposição, estão diretamente ligados ao consume de uma água boa.
9 Tenha gratidão – A ingratidão afasta as pessoas, já a gratidão atrai coisas boas.
10 Busque contato com a espiritualidade – Pessoas com estilo de vida saudável relatam a busca pela paz interior através da fé.
11 Resiliência – Capacidade que todos possuem de se reconstruir, resinificar, se adaptar a mudanças.
12 Durma bem – O bom sono renova as células e revigora o corpo.
13 Mantenha o ambiente ao seu redor sempre limpo e agradável – Além de promover doenças, um ambiente sujo causa um mal estar em nosso interior.
14 Tenha o habito de ler ou de estar sempre aprendendo algo novo – Uma mente que estar sempre ativa os neurônios tendem a demorar mais a morrer.
15 Dê preferência aos alimentos naturais, que saem da terra – De preferencia frescos, sem possível sem agrotóxicos, e orgânicos.
16 Procure consumir menos carne vermelha, e alimentos animais de um modo geral
17 Não vá para cama tarde – A melatonina, hormônio que regula o sono, começa a ser produzida ao entardecer e atinge seu pico por volta de meia-noite.
18 Pense positivo – O pensamento positivo produz vida interior.
19 Tome banhos frios – Segundo os adeptos, ela aumenta a circulação, reforça o sistema imunológico, melhora o humor e revigora. Embora banhos quentes relaxam o corpo e abrem os poros, ele enfraquece a raiz do cabelo, deixando-o mais fino e quebradiço. Já o banho frio traz vida, energia, alegria, bom humor etc.
20 Invista nos integrais, nozes, soja, grãos no geral
21 Diminua o sal diariamente
22 Dê preferência a relacionamentos pessoais ao invés dos virtuais


Francesco Jansen
Instagram: francesco.jansen




[1] BARNARD, Neal. New Study Explodes the 'Eskimo Myth'. July 7,2014. Disponível em: . Acesso em: 01 Out,2019.

[2] WILLCOX, Craig. SUZUKI, Makoto. WILLCOX, J Bradley. The Okinawa Program : How the World's Longest-Lived People Achieve Everlasting Health--And How You Can Too. Harmony. March 12, 2002.



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