terça-feira, 8 de outubro de 2019

Ikigai 生き甲斐


Ikigai 生き甲斐 – O propósito de vida do japonês

Ikigai é uma palavra de origem japonesa que mesmo não havendo uma tradução direta, ela combina a junção de duas palavras. Ikiru 生きる e Kai, que significa “a realização do que se espera”, proposito de vida, razão para viver, sentido da vida, a razão de ser ou a razão pela qual alguém se levanta todas as manhãs.

Supõe-se que o conceito de Ikigai tem origem e significados históricos desde o período Heian (794 a 1185) ou muito antes. O ideograma [], vem da concha ou carapaça, que por sinal era algo muito valioso no passado. Já o ideograma [] significa literalmente bonito, florido ou estampado.


Quando este conceito Japonês chega no mundo ocidental, ele perde um pouco a essência. O que para o japonês o propósito não tem nada a ver diretamente com trabalho ou dinheiro em si, para os ocidentais isso é quesito indispensável. Dentro da visão de ikigai ocidental modificada, para descobrir a pessoa começa a se fazer quatro perguntas:

ü    O que você ama? (Paixão)
ü    No que você é bom? (Capacidade/vocação)
ü    Em que o mundo precisa de você? (Missão)
ü    Pelo que você pode ser pago? (Profissão)

Para os ocidentais que procuram uma rápida interpretação dessa filosofia, esta é as perguntas que devem ser respondidas, para se encontrar ‘‘sentido’’ e ‘‘equilíbrio’’.
Em uma pesquisa de 2010, de 2.000 homens e mulheres japoneses, apenas 31% dos participantes citaram o trabalho como seu ikigai.
Essa diferença das duas visões de ikigai, Oriental e Ocidental, se dá ao fato de como cada cultura enxerga o mundo. Enquanto que no mundo Oriental a raiz de sua cultura é coletiva, visando bastante o bem-estar do próximo ao seu redor (ittaikan),[1] como é o código de conduta e ética samurai武士道 Bushidō, no mundo Ocidental as pessoas majoritariamente têm pré-disposições mais individualistas, ou seja, pensam predominantemente mais em auto realização (jiko jitsugen).[2]
Em Okinawa, onde tem uma população centenária altíssima, muitos citam um dos fatores da longevidade o seu ikigai, razão pela qual fazem eles se levantarem todos os dias. Segue abaixo uma ilustração baseada nas perguntas, a qual ilustra o ponto chave do ikigai na visão OCIDENTAL.



Hoje em dia com a chegada do coaching empresarial e da administração de negócios, encontramos vários conceitos sobre o bem-estar empresarial que acabam dificultando na identificação da correta filosofia ikigai, o método改善Kaizen é um desses. Atualmente já é possível se obter uma pós-graduação em coaching pelo ‘‘método ikigai’’. Isso mesmo. Na boca de muitos o ikigai é um método, apenas mais uma ferramenta para se alcançar a felicidade. Fora os diversos cursos que existem por aí a esse respeito. O conceito do ikigai tem se desintegrado aos poucos da sua essência, que é mais espiritual do que totalitariamente natural, afinal o ikigai é a raiz da sua alma.
Existem 5 perguntas que norteiam TUDO no mundo, inclusive a sua alma, e é através dessas que você vai encontrar respostas para o seu propósito, o seu real propósito, ou seja; este responde o seu verdadeiro ikigai.

ü    De onde você vem? (Origem)
ü    Quem é você? (Identidade)
ü    O que você pode fazer? (Capacidade/habilidade)
ü    O que você está fazendo aqui nesse mundo? (Missão)
ü    Para onde você está indo? (Destino)

A primeira pergunta sobre a origem é bem peculiar, pois segundo as crenças e valores individuais, será respondido de maneira diferente. Entretanto a Verdade não se amolda a pontos de vistas, pois ela é Reta. A segunda pergunta já afeta diretamente o curso da sua alma. Quantos de nós não já ouviram a expressão ‘‘crise de identidade’’? Se você não sabe quem você é, você não domina, pelo contrário, é dominado por tudo e por todos. Logo você não vive a sua identidade, mas fragmentos de várias identidades. Jesus viveu de maneira plena. Todas essas respostas conseguimos ver claramente na vida Dele. Ele sabia de onde veio e para onde estava indo:
Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai.” (João 16:28)
Ele sabia quem era:
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)
Ele sabia porque veio a este mundo:
Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. (João 10:10)
Ele também sabia de sua capacidade: Curar enfermos, ressuscitar mortos, expulsar espíritos malignos, sinais, milagres e maravilhas.
Uma pessoa sem propósito ela não vive, ela simplesmente existe. Ela não movimenta a vida ao seu redor, ela apenas entra no vento da vida, e permite ser guiado para onde esse vento soprar. Uma pessoa que não sabe o seu propósito, ela está nesse mundo apenas vivendo uma experiência. Não basta apenas saber seu ikigai, o mais importante é colocá-lo em prática. Muitos dizem que o seu ikigai muda conforme o decorrer da idade, todavia essa é uma ideia equivocada, pois o ikigai não está relacionado ao mundo físico que muda o espiritual, ele já existe espiritualmente falando, mesmo antes dos seus gostos serem despertados, ou ainda modificados, ele já existia. Obvio que com o passar do tempo, com a chegada da maturidade fisiológica, você tende a anular empolgações, escolhas precipitadas, e decisões infundadas. Mas isso não significa o ikigai sendo modificado, apenas que você ainda não tinha se descoberto de verdade. Os meus gostos podem modificar, isso é natural, agora o ikigai não muda.
Devemos entender que o ikigai vem antes do seu nascimento. O fabricante de cadeiras não faz uma cadeira para depois pensar em um propósito para ela. A cadeira só foi fabricada porque existiu uma razão para ela se materializar. Do mesmo modo é cada ser humano, o propósito individual de cada um, foi a razão pela qual ele veio a existir. Agora se esse propósito inicial for rejeitado, a pessoa pode ainda desempenhar um outro propósito, não como o original, porém, mesmo que não seja de maneira plena, conseguirá também ter satisfação. Alguém consegue desparafusar algo com a ponta de uma faca? Sim, é possível. Todavia a faca não foi feita para esse propósito. Por mais que alguém consiga desparafusar com uma faca, corre o risco de espanar o parafuso e de deteriorar a ponta da faca. A faca está desempenhando um papel a qual ela não foi feita para fazer. A faca realmente parece ser o instrumento correto para essa função, na mente daqueles que não conhecem uma faca (que não sabem a identidade dela), pois ela é ‘‘perfeita’’ e ‘‘caiu como uma luva’’, contudo para os que conhecem uma faca, nitidamente a faca está vivendo fora do seu propósito, ou seja, ela viveria de maneira plena se fizesse o que nasceu para fazer, que é cortar, e não desparafusar.
O teu propósito está ligado a algo que você ama, ou ainda a algo que você odeia. Deixe-me explicar. Ao que você ama parece obvio, entretanto ao que odeia sei que posso ter causado um bug no cérebro agora. No entanto é mais simples do que se possa imaginar. Vejamos o caso de Nelson Mandela (sem entrar em quaisquer suposições se a história é 100% real ou não, vamos nos atentar apenas ao exemplo em si), ele estava irado com a segregação racial, então tomou uma atitude em relação a isso. Madre Teresa de Calcutá estava irada com a fome, então se movimentou ao que queimava em seu coração, assim também foi Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. Embora o seu ikigai possa ter haver com o trabalho ou função que exerce, ele não é a sua função, ele está por detrás da função. Seja, faxineiro, Gari, funcionário público, empresário, professor, artista no geral, político, matemático, físico, filantropo, analista, publicitário, jornalista, banqueiro, passando por todas as funções sociais, e as funções espirituais como, missionário, líder espiritual, auxiliador, conselheiro, mestre, profeta, investidor em ONGs, em missões, tradutores de livros sagrados dentre vários outros. Um dos problemas da maioria das instituições formais cristãs, é que eles limitam muito o propósito das pessoas, dando uma lista extremamente pequena do que a pessoa pode ser chamada ou despertada por Deus para fazer. Um desenhista por exemplo não tem muita utilidade para o reino de Deus, segundo a ótica de muitos. O propósito pode ser apenas uma coisa em especifico, ou ele pode estar fragmentado em um conjunto de paixões, ou situações que sua alma anseia em ver mudança.
Observem que a visão Ocidental deteriorada sobre o ikigai (muitos japoneses já tem uma visão Ocidental sobre o ikigai), possui dois pontos em comum com o seu verdadeiro propósito.

Ikigai contemporâneo
Verdadeiro Ikigai
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De onde você vem? (Origem)
O que você ama fazer? (Paixão)
Quem é você? (Identidade)
No que você é bom? (Capacidade/vocação) 
O que você pode fazer? (Capacidade/habilidade)

Em que o mundo precisa de você? (Missão)

O que você está fazendo aqui nesse mundo? (Missão)

Pelo que você pode ser pago? (Profissão)
Para onde você está indo? (Destino)


Observem que na visão Ocidental, obrigatoriamente o ikigai envolve dinheiro. Também possui uma pergunta fechada apenas no que você tem paixão em fazer, e não no ponto que você se incomoda (insatisfação/raiva) em querer modificar. O nosso ikigai não necessariamente precisamos ter paixão, como vimos anteriormente. Uma pessoa que tenha um nível altíssimo de insatisfação com a política do seu país, pode ser a causa do seu ikigai. Independentemente do tipo de sentimento, sabemos bem que o seu ikigai está relacionado aos sentimentos mais intensos que alguém tenha, ou ao incomodo mais profundo, ou ainda a paixão ‘‘inexplicável’’. Abaixo um gráfico da visão correta de ikigai.


Verdadeiro Ikigai –  Fonte: Jansen Carneiro


 É estritamente proibido a cópia do mesmo sem dos devidos créditos do autor
 Texto: Francesco Jansen
Instagram: francesco.jansen




[1] Refere-se a “um senso de unidade ou compromisso com um grupo ou função”
[2] Tem mais a ver com a auto realização

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