Dois significados que são importantes salientar antes de iniciar o texto principal.
Daat – דַּעַת (Conhecimento de Deus. Não o que pensamos saber
sobre Ele, mas o conhecimento que vem da parte Dele)
E tomarão do sangue, e
pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o
comerem. Êxodo 12:7 ACF
Ao longo dos anos tenho observado uma chave
importantíssima ser corroída. O nome dessa chave é equilíbrio.
Gradativamente as pessoas tem elevado o seu ego e alimentado as suas intenções
(coração) com a altivez e o orgulho. Com os lábios externam palavras com aspecto
de sabedoria, todavia dentro de si alimentam o orgulho de acharem que as suas
‘’religiões’’ (e o conhecimento que envove-as) são mais elevadas que as demais,
e que eles são detentores da verdade. A verdade absoluta não é um conceito, ela
É (Isso mesmo, você não leu errado, muito menos o autor esqueceu de
complementar. A verdade absoluta É). Nós ocidentais ainda estamos muito presos
a matéria em si, ao aspecto, estereótipo, a casca que recobre o núcleo e, cada
vez mais as mídias e os veículos de comunicação corroboram para esse tipo de
prisão. Vivemos de superficialidades, isso também inclui as nossas crenças e
visões sobre Deus. Temos lapsos e fagulhas do Todo, e achamos que já obtivemos
a plenitude do conhecimento de Deus (Daat Elohim – אֱלֹהִים דַּעַת – Oséias
6:6). Em
decorrência a isso, entra orgulho que nos motiva a considerarmos autorizados a
julgar estereótipos, ou seja, é a superficialidade com um aspecto de sabedoria
julgando o que os olhos almaticos dos mesmos enxergam nas pessoas e nas suas
crenças, valores e abordagens sobre a Divindade. Os que tem agridem com
palavras os que não tem. Os que acham quem tem se ensoberbecem diante dos que
eles acham que não tem. O que tem muito, não compartilha, não ajuda, mas
critica. O que acha que tem muito não aceita críticas, ou quaisquer palavras
que ele considere contraria a sua filosofia que venha daqueles que ele julga
ter menos.
Ainda continuamos como a maioria dos Perushim פרושים (fariseus) contemporâneo
de Jesus. Somos hipócritas, não buscamos elevação do espírito e da alma, mas
sim autoafirmação, não refletimos sobre isso, e também procuramos adoração para
nós mesmos, honra, glória etc. Temos 20 anos de contato com a religião,
conhecemos aspectos cerimoniais, orações, versos, mas não conhecemos quem somos
e muito menos quem é o nosso pai, o Eterno, o Pai das luzes. Conhecemos de
ouvir falar pela boca de outros, repetimos como papagaio a interpretação de
terceiros, porém continuamos a não o conhecer de maneira intima.
O conhecimento é uma das coisas mais valiosas
que o ser humano pode obter. É através dele que somos norteados e nos
movimentamos. O conhecimento é um caminho ao qual o homem recebe para caminhar
(bases). Se esse caminho não estiver atrelado a Deus, ele se rompe e perece,
pelo fato de ser pautado em fundações superficiais. O povo é destruído por
falta de Daat (Oseias 4:6). Entre os judeus místicos a Daat é conhecida como a
sensibilidade espiritual que o ser humano pode ter, e os que não tem podem
desenvolver. Esse conhecimento é adquirido através do espírito do homem
pela iluminação do Espírito de Deus em nós (Ruach Ha Kodesh). Precisamos
do conhecimento que venha direto Dele, necessitamos escutar Ele, os seus
mandamentos e suas instruções. (Isso nos dá livre acesso entre os מלאכים malachim-anjos).
Assim diz o Senhor dos
Exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares a minha ordenança,
também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei
livre acesso entre os que estão aqui. Zacarias 3:7 ACF
Todavia a maioria das pessoas ainda não
obtiveram elevação, elas vivem abaixo do nível do conhecimento de Deus (Daat),
elas ainda estão presas no nível Dat (religião). A palavra דָּת Dat, tem
o valor numérico de 404. Que é o mesmo valor da palavra בקבקר bakbakar,
que pode significar vazio (algo interessante também, é que o
número 404 representa na linguagem http um erro de comunicação entre o cliente
e o servidor). Já a palavra דַּעַת Daat, tem
o valor numérico de 474. Mesmo valor da palavra חכמות sabedoria, variação do nome da 2ª Sefirah חכמה chochmá - Sabedoria. A letra ע Ayin, que se encontra no meio da palavra דַּעַת Daat, no hebraico significa olho. Os grandes sabios
judeus dizem que a visão é o sentido mais elevado do ser humano, não é por
acaso que o olho está acima das outras partes do corpo responsavel pelos demais
sentidos. Quando a visão espiritual não se abre no meio de דָּת Dat
(religião), continuaremos apenas no natural, mecânico e ritualístico. Do
contrário, quando os olhos são abertos, nos é apresentado o conhecimento de
Deus (Daat), e enxergamos as coisas de acordo com o prisma Dele, conforme o
olhar Dele. O ד (dalet) e ת (tav) sem o ע (ayin),
é o mesmo que um pacto e um portal sem uma visão/norte/direção/caminho. O
machiach (Messias) é o que faz essa conexão. Existe uma visão adormecida entre
o Tav e o Dalet, entre um pacto e uma porta.
Precisamos ativar o Machiach em nós. O pacto representa o homem que foi selado
pelo seu Criador, e o portal representa a abertura dimensional do céus a esse
homem. Esse olhar (Ayin), é o que unifica os dois, que trás sentido e
significado. O que realmente faz uma comunicação com Deus ser agradavel a ponto
de obter retorno da parte Dele, é a Kavana (intenção/amor).
Sem ela a religião (e os seus aspectos), não causa nenhum efeito espiritual
positivo e elevatório, é apenas um fruto podre por dentro, uma casca vazia.
O conhecimento (Daat) expulsa espíritos
malignos. A falta dele entrelaça o homem aos mesmos.
E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o
Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa
do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice...
(Gênesis 8:21 ACF)
Sem o Conhecimento de Deus nós somos seres
desequilibrados. E sem equilíbrio nos tornamos ignorantes a manifestação da
presença de Deus, por isso julgamos e apontamos o dedo achando que conhecemos
alguma coisa, pois a falta do conhecimento Dele e Nele, eleva em altivez o
homem e, o primeiro sinal a isso é o julgamento, quer seja externado ou
interiorizado. Primeiro passo para elevação é: Procure se livrar do julgamento
(Veja bem, falo sobre o julgamento antecipado, o julgamento através da alma
desequilibrada com o Criador).
O equilíbrio não é algo inerte, todavia é o
movimento em equilíbrio, sem extremos. Não tem muito a ver com o extremo de uma
atitude, mas em viver uma vida de extremismos. É uma atitude consciente
(madura), extremamente pensada. É necessário saber o quanto pesar para a
direita e para a esquerda, pois se colocarmos um pesar para um dos dois lados
em excessos, logo teremos algo desarmônico, caracterizando o desequilíbrio. Ou
seja; é dois pesos e duas medidas.
Dois pesos e duas medidas;
pesos adulterados e medidas falsificadas são desonestidades abomináveis ao
SENHOR. (Provérbios 20:10)
Quando existe dois pesos e duas medidas, o peso fica adulterado, desalinhado, desequilibrado. Quando não ponderamos as nossas atitudes e quando vivemos a nossa vida fora da vontade de Deus, nos tornamos adúlteros.
O equilíbrio é um denominador comum entre justiça e misericórdia. O equilíbrio também está ligado a restrição do ego, da vontade exacerbada da alma, ao qual eu digo sim para tudo que tenho vontade, e também do erro de um modo geral. Um tsadik (justo) erra como qualquer outro, porém ele reconhece seu erro e procura retornar rapidamente ao caminho espiritual da verdade. A palavra fluidez reflete bem o significado de equilíbrio. É como a água que flui, entretanto por mais que ela não tenha uma forma comum propriamente dita, ela assume formas as vezes dependendo do ambiente em que esteja. Ela não perde sua essência e característica, todavia pode estar vestida em corpos. A torah (5
primeiros livros da Bíblia) nos revela 613 mandamentos. 248 são prescrição,
isso é, deveres, mandamentos positivos, ao qual pelos sábios é dito que estão
relacionados ao número de ossos ou órgãos importantes no corpo
humano,[1] isto é, como se cada membro dissesse
à pessoa: "Cumpra um preceito comigo". 365 mandamentos são
abstenções, isso é, proibições, mandamentos negativos, na qual corresponde ao
número de dias no ano solar. É como se cada dia dissesse à pessoa
"Não cometa uma transgressão hoje".[2] Existem mais preceitos negativos do
que positivos, pois isso alude que o nosso ponto de equilíbrio será mais de
negação do que uma tomada de atitude referente aos nossos deveres. Isso é;
todos os dias precisamos nos auto examinarmos, pois todos os dias o pecado se
apresentará em nosso caminho.
O equilíbrio é um denominador comum entre justiça e misericórdia. O equilíbrio também está ligado a restrição do ego, da vontade exacerbada da alma, ao qual eu digo sim para tudo que tenho vontade, e também do erro de um modo geral. Um tsadik (justo) erra como qualquer outro, porém ele reconhece seu erro e procura retornar rapidamente ao caminho espiritual da verdade. A palavra fluidez reflete bem o significado de equilíbrio. É como a água que flui, entretanto por mais que ela não tenha uma forma comum propriamente dita, ela assume formas as vezes dependendo do ambiente em que esteja. Ela não perde sua essência e característica, todavia pode estar vestida em corpos.
Antes do ser humano atingir o equilíbrio
(elemento que compõe a maturidade espiritual), a sua tendência é bater nos
extremos. Exemplo: Um colaborador de uma empresa qualquer fala muito, e o seu
superior ao conversar em particular com o mesmo pede para que ele fale menos; O
que ele e a maioria dos seres humanos fazem nessa situação? Simplesmente não
passam a falar moderadamente, todavia param de falar, se restringindo a falarem
apenas o básico. Assim agem a maioria das pessoas, precisam bater nos extremos
até achar o ponto de equilíbrio. Discernimento espiritual é essencial na busca
do equilíbrio, pois ele funcionara como uma bússola para revelar o momento de
exercer misericórdia (Chesed) ou rigor (Guevurah), ação (Netzah) ou ponderação
(Hod). A maioria comumente são incisivos na expurgação do pedaço da verdade que
estas o encontraram, e a medida que descobrem algo, por mais que venha a ser
contraditório ao que ela mesma pensava anteriormente, a tendência é continuar
sem equilíbrio, mantendo uma posição de defesa contundente da sua fração da
verdade. Não somos detentores da verdade, conhecemos frações dela, e cada um tem
uma fração do Todo.
Porquanto em parte
conhecemos e em parte profetizamos; (1Corintios 13:9 )
Deus é UM, e tudo fora da unicidade é
dualidade, o julgamento cria dualidade. O que sair da Unicidade é adultério e
idolatria, revelando assim a nossa natureza caída que precisa fazer teshuvá (retorno)
a fonte matricial, que é o Eterno. A dualidade dentro do Eterno já não é mais
dualidade, é ver o que Ele vê, é pensar e agir como Ele faria, logo estará
sendo UM com o Criador. A questão da dualidade em si, se dá quando estamos em
uma evolução espiritual (posso fazer isso? Posso fazer aquilo outro? Posso
tocar nisso? O que não devo eu tocar? Dentre outros), como qualquer aluno,
todavia quando essa maturidade espiritual desejável chega, o que outros de fora
poderão julgar como dualidade já não é mais, pois estaremos dentro da vontade
de Deus, imagem e semelhança, retornando ao projeto inicial, Criador e criatura
em perfeita harmonia.
Faça um exercício, constantemente e
diariamente, controle os seus pensamentos para não julgar, mesmo que você acabe
julgando no começo, reprograme esses pensamentos que vier e dê comandos para o
seu cérebro pensar de maneira indiferente ao julgamento. Para aumentar o volume
dos músculos é necessário muito treino, bastante esforço, até chegar em um
ponto em que se torna prazeroso e, já não é mais tão difícil quanto no começo
da caminhada, assim é as coisas espirituais, precisamos nos esforçar, até que
as mesmas se unifiquem a nós, a ponto delas se tornarem uma conosco, de maneira
natural. Grande abraço a todos
Francesco Jansen
Instagram: francesco.jansen
[1] Talmud Babilônico, Tratado
Makot 23b-24a. Como afirmado na Jewish Virtual Library: "Há um
completo entendimento que essas 613 mitzvot podem ser quebradas em 248 mitzvot
positivas (uma para cada osso e órgão do corpo masculino) e 365 mitzvot
negativas (para cada dia do ano solar)".
[2] Os 613 Preceitos da
Torah. Disponível em: <http://www.chabad.org.br/mitsvot/index.html.>
Acesso em: 30, Set, 2019.